terça-feira

O NATURAL E O ARTIFICIAL



Hoje reparei na rosa que ganhei…
Aquela que coloquei ao lado daquela artificial que guardei...
Lembrei do sentimento daquele momento...
Do contentamento que expressei quando o encontrei...
Era natural, um pouco surreal, não sabia explicar...
Um simples olhar plantou a semente que vi germinar...
A flor nasceu, cresceu, mas nunca morreu...
Amadureci com as lições que ela me deu...
Certa manhã resolvi que também ia plantar, eu faria um jardim...
Contudo o artificial não podia frutificar...seria sempre assim?!?
Fui procurar o jardineiro, pedi a semente do amor verdadeiro...
Onde estava o juízo?Eu não sabia o seu paradeiro...
Ele disse que a semente eu já tinha, no interior iria encontrar...
Todavia, se a felicidade era só minha e quisesse dividir
Deveria sentir, sorrir e procurar em outro lugar...
Daquela semente artificial nenhuma flor ia sair...
Mas regava todos os dias na esperança do amor brotar...
Um dia parei, pensei e vi somente um espelho...
Me recordei do jardineiro e do sábio conselho...
Eu, como a rosa natural, então encontrei um jardim
Onde havia um cravo genial, que sempre cuidava de mim...
A semente artificial, deixada de lado, jamais iria morrer,
Porém estava condenada a nunca descobrir o que é viver!

(CAROL MINEIRINHA)

quarta-feira

DIA DA POESIA

           

       A poesia tem um charme especial...é formada de acontecimentos, sentimentos e uma soma de apontamentos...é uma arte das tradicionais, que lembra nomes como o de Cecília Meireles e Vinícius de Moraes...ela te leva para lugares que você sempre quis ir...fala da hora de ficar e da hora de partir...Cantada ou rimada, tem o seu lugar, é companheira quando se quer sorrir e quando se quer chorar...A foto que bati destas flores, é linda como a poesia que fala de amores...Hoje é o dia Nacional da Poesia, eis aí um presente!Que lhe sirva de companhia...

(Carol Mineirinha)



Ternura
Vinicius de Moraes


Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar
                                                                     [ extático da aurora.


Texto extraído da antologia "Vinicius de Moraes - Poesia completa e prosa", Editora Nova Aguilar - Rio de Janeiro